Por Patrick Wingrove
(Reuters) - Novos dados sobre o benefício para o coração de um medicamento para obesidade da Novo Nordisk (NYSE:NVO) aumentam as chances de um retorno para ele e para a rival Eli Lilly (NYSE:LLY), que gastou uma quantia recorde nos Estados Unidos fazendo lobby para obter o apoio do governo para as drogas, disseram analistas e especialistas.
A lei dos EUA classifica os tratamentos para perda de peso como remédios para o estilo de vida e impede o Medicare de pagar por eles. A Novo e a Eli Lilly gastaram quase $1,3 milhões este ano fazendo lobby no Congresso dos EUA sobre obesidade e especificamente em um projeto de lei reintroduzido em julho que permitiria ao plano de saúde Medicare reembolsar esses medicamentos.
O tratamento de Novo mostrou diminuir ataques cardíacos e derrames em 20% e a farmacêutica disse que buscará aprovação regulatória para Wegovy como um tratamento cardiovascular, que analistas e especialistas em políticas de saúde disseram que também poderia ser um caminho para obter reembolso do Medicare.
A professora da Universidade de Vanderbilt, Stacie Dusetzina, disse acreditar que os resultados do estudo podem fornecer um caminho para a cobertura de pessoas semelhantes às do estudo em termos de ataque cardíaco ou derrame anterior.
“O ingrediente do medicamento semaglutida já está coberto quando usado em doses mais baixas para tratamento de diabetes, portanto, se o medicamento receber indicações adicionais que normalmente são cobertas pelo Medicare, espero que esses pacientes tenham acesso ao medicamento”, disse ela.
Wegovy e Mounjaro da Eli Lilly, um tratamento para diabetes semelhante ao Wegovy que deve ser aprovado para obesidade este ano, são dois dos medicamentos que mais crescem no país, com um preço de mais de $1.000 por mês. As prescrições de Wegovy subiram 300% em seu pico, de acordo com dados do Barclays (LON:BARC), antes que os problemas de abastecimento começassem a prejudicar as vendas.
A Novo Nordisk e a Eli Lilly não responderam aos pedidos de comentários.
UM CASO CONVENIENTE
Os analistas disseram que os dados são um argumento convincente para os benefícios de saúde a longo prazo da droga.
“Esta redução do risco 20% em eventos cardiovasculares, incluindo morte, começará a fazer uma enorme diferença e um verdadeiro impulso para mudar a lei”, disse Evan Seigerman, analista da BMO.
Os analistas estavam divididos sobre se o Medicare poderia cobrir o Wegovy como um tratamento cardiovascular sem a aprovação de uma nova lei. Três médicos especializados no tratamento da obesidade, incluindo um cardiologista, não tinham certeza se tal indicação permitiria a cobertura do Medicare.
O Dr. Eugene Yang, cardiologista da University of Washington Medicine, disse que, embora os dados ainda não tenham sido revisados por pares e publicados, são promissores porque ele e seus colegas não têm uma estratégia para lidar com as crescentes taxas de obesidade e problemas cardiovasculares correspondentes antes.
“O diabo estará nos detalhes, mas ter uma opção terapêutica que reduza o peso e tenha um potencial benefício cardiovascular é empolgante”, disse ele.
O analista da Morningstar, Damien Conover, observou que o resultado positivo do estudo provavelmente levaria os pagadores – um grupo que inclui seguradoras, empregadores e Medicare – a aumentar a cobertura no próximo ano.
As empresas que fornecem seguro de saúde começaram a reduzir a cobertura de medicamentos para perda de peso devido ao alto custo dos medicamentos.
Especialistas em benefícios alertaram que seria difícil aprovar uma lei que aumentaria os custos do Medicare, que cobre cerca de 66 milhões de pessoas, a maioria com 65 anos ou mais.
GASTOS NOVOS NO RITMO PARA PASSAR DE 2022
Antes do resultado, empresas de lobby empregadas pela farmacêutica dinamarquesa divulgaram um gasto coletivo de $630.000 no primeiro semestre deste ano para instar os legisladores a permitir que o Medicare cubra medicamentos para perda de peso, inclusive na lei reintroduzida de O senador democrata Tom Carper chamou a Lei de Tratar e Reduzir a Obesidade (TROA).
Isso representa quase dois terços das despesas de lobby relatadas pela Novo para todo o ano de 2022, de acordo com o banco de dados de divulgação de lobby do Senado dos EUA.
Eles relataram gastar $350.000 em lobby para o fabricante no último trimestre, pelo menos $90.000 a mais do que as empresas da Novo Nordisk divulgaram pagando coletivamente em um trimestre antes de 2023.
As empresas da Eli Lilly também registraram ter pago $640.000 coletivamente no primeiro semestre deste ano em lobby para a cobertura de perda de peso do Medicare, a mesma quantia que divulgaram para a emissão para todo o ano de 2022.
As duas farmacêuticas gastaram coletivamente mais de $7,5 milhões nesses esforços de lobby na última década.
Dusetzina, de Vanderbilt, disse que o aumento nos gastos pode não ser suficiente para fazer com que os legisladores democratas e republicanos se unam nesta questão.
“Mudar a política do Medicare e aprovar a legislação, mesmo que a maioria das pessoas concorde com os objetivos da política, é muito desafiador no atual ambiente político”, disse ela.
