LONDRES (Reuters) - A Odey Asset Management está em negociações avançadas para transferir fundos e funcionários para outras gestoras de ativos enquanto lida com as consequências das acusações de má conduta sexual contra seu fundador, Crispin Odey.
O Financial Times e a Tortoise Media relataram que 13 mulheres alegaram que Odey as havia agredido ou assediado sexualmente durante um período de 25 anos.
Odey, um dos gestores de fundos de hedge mais conhecidos da Grã-Bretanha, disse na semana passada à Reuters que o relatório era "uma repetição de um artigo antigo e nenhuma das alegações foi levantada em um tribunal ou em uma investigação". Um porta-voz do fundo de hedge se recusou a fazer mais comentários na quinta-feira.
Vários grandes bancos, que forneciam serviços de corretagem de primeira linha, disseram que cortariam relações com a empresa de Odey.
Uma carta assinada pelos sócios da Odey Asset Management (OAM) disse que qualquer venda ou reacomodação de fundos estava sujeita a aprovações regulatórias e devida diligência, acrescentando que os conselhos e gerentes dos fundos "apoiavam" o plano.
“Agir no melhor interesse de nossos investidores e nossa equipe continuou sendo nossa principal preocupação nos últimos dias. Continuaremos a atualizá-lo”, acrescentou a carta, que foi vista pela Reuters na quinta-feira.
Fundos de hedge, como a OAM, contam com a alavancagem dos principais provedores de serviços de corretagem para fazer suas apostas no mercado. Sem um corretor principal, um fundo de hedge que precisa emprestar ações não pode funcionar. A OAM assume posições longas e curtas em ações.
Goldman Sachs (NYSE:GS), Morgan Stanley (NYSE:MS) e JP Morgan já entraram no processo para encerrar os contratos de serviço que tinham com a OAM, disseram fontes à Reuters. Isso pode levar até 90 dias, mas o processo geralmente é mais curto, acrescentou uma fonte.
O UBS, listado em registros públicos como um dos principais corretores da OAM, não mantém um relacionamento ativo com o fundo de hedge "há muito tempo", mas também decidiu encerrar seu relacionamento inativo, disse outra fonte à Reuters.
Todos os bancos se recusaram a comentar.
A Autoridade de Conduta Financeira da Grã-Bretanha (FCA) se recusou a comentar sobre os movimentos da OAM e se ela continuaria em funcionamento. Um porta-voz da OAM também se recusou a comentar se os movimentos indicavam que o fundo de hedge fecharia.
PREOCUPAÇÕES CULTURAIS
OAM 'fechado', o termo da indústria usado quando um fundo impede saques, seu fundo Brook Asset Management administrado por James Hanbury em 12 de junho e fechou outro, mostra uma carta separada aos investidores vista pela Reuters em 13 de junho.
O conselho da OAM disse que tomou a decisão de fechar o Brook Developed Markets Fund depois de enfrentar “pedidos de resgate superiores a dez por cento do valor líquido do ativo”.
Os legisladores do Comitê Seleto do Tesouro da Grã-Bretanha escreveram à FCA na quarta-feira para questionar a supervisão do regulador.
Suas perguntas incluem se a FCA examinou a mudança de Odey em novembro de 2020 de uma função que exigia a aprovação da FCA de sua adequação pessoal para outra em que isso foi certificado pela OAM.
O comitê também perguntou à FCA quantas pessoas ela investigou por assédio sexual em todo o setor desde dezembro de 2019, quando se tornou responsável por supervisionar a conduta dos gerentes seniores.
A carta provavelmente aumentará o escrutínio da forma como o cão de guarda lidou com Odey, depois que iniciou uma investigação sobre suposta má conduta dele em 2021.
“A cultura nos serviços financeiros e as experiências das mulheres no setor são preocupações constantes do Comitê do Tesouro”, disse a carta, assinada pela presidente do comitê, Harriett Baldwin.
O comitê pediu à FCA que respondesse a perguntas exigindo detalhes granulares sobre sua investigação de dois anos da OAM até 5 de julho.
